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A Filosofia da Prática


O presente texto é inspirado no livro Gorin No Sho - O Livro Dos Cinco Elementos, de Miyamoto Musashi.

O livro de Musashi é inspirador. Apesar da maioria dos ensinamentos do livro possuírem foco nos mandamentos de sua escola militar e do uso da espada longa no combate, podemos absorver importantes lições. Musashi leciona que o domínio da arma e do ofício faz o homem chegar ao domínio de si. Também expõe a importância de conhecer o corpo e o espírito. O desiquilibrio entre os dois elementos levará à derrota. Deve-se conhecer e estudar o inimigo, porém o mais importante é estudar a si próprio. "É preciso forjar a sua arte da espada com treinamentos de mil dias; depois, poli-la com treinos de dez mil dias." O auto-controle é o principio básico de toda a força. Tendo controle de si próprio, você poderá elevar o seu potencial intelectual e físico ao máximo. Com o controle de si próprio, você tem o bônus da iniciativa e assim, o domínio do inimigo.

"Treinar intensamente o corpo para absorver o espírito."

Porém, apesar de tais ensinamentos serem importantes, a maior reflexão que obtive com o livro foi a importância da execução. Musashi finaliza todo capítulo orientando: treine bem, reflita sobre isso, é preciso meditar para compreender, é necessário mais aprofundamento. Ele nunca transmite gratuitamente. É preciso o seu próprio esforço para a compreensão É neste ponto que entra a Filosofia da Prática. O que o Musashi escreve, ele colocou realmente em prática e os seus ensinamentos só serão úteis se você também colocá-los em funcionamento. O mais importante: tais ensinamentos foram testados, podem ser executados e possuem eficiência comprovada. Este é o principal valor do livro.

"Os verdadeiros mandamentos da arte militar são revelados pela espada longa." Os verdadeiros ensinamentos estão na prática.

Portanto, busque sempre ler autores que realmente colocaram em prática aquilo que pregaram. Ou leia autores que escrevem sobre algum personagem de sucesso. Tenha preferência por generais, guerreiros, filósofos, políticos, oradores, artistas e assim por diante, que realmente executaram aquilo que pregaram. A maioria dos intelectuais de hoje escrevem gigantescos ensaios divagando sobre questões improváveis e impraticáveis, qual sua única intenção é provar a sua "grande" capacidade de raciocínio, retendo-se apenas no abstrato, único plano possível onde suas ideias podem ter algum sentido. Não há conclusão alguma, prática menos ainda.

Leitura recomendada.

"Na travessia da vida, um homem terá certamente de superar correntes críticas em muitos lugares. No caso de um navio, é preciso conhecer os locais de correntes críticas, a posição da embarcação, saber se o dia é ou não propício. Mesmo sem um navio auxiliar, navegará em condições favoráveis ou recebendo vento de estibordo e bombordo ou da popa. Ainda que a direção do vento mude, com a firme vontade de chegar ao porto do destino, é possível remar doze ou dezoito quilômetros sem a ajuda do vento e conduzir o barco vencendo as correntes críticas.

Essa mesma disposição para transpor obstáculos é necessária na travessia da vida — o que exige um espírito preparado para superar quaisquer acontecimentos críticos. Na arte militar, igualmente, durante um combate, é essencial vencer os momentos críticos, conhecendo a capacidade do adversário e utilizando corretamente a própria competência. Desta forma, apoiado em seus conhecimentos e em seus princípios — tal como um bom navegante supera sua rota marítima —, alcançará a tranqüilidade de espírito, atravessando as correntes críticas."

 

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