Lembremos de nossas revoluções!
- Ricardo E.
- 20 de set. de 2016
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Hoje, dia 20 de setembro, é comemorado o início de um dos maiores conflitos no qual o povo do Sul participou ativamente. Maior tanto em proporção, como importância histórica para a nossa região. Nossos antepassados lutaram por um ideal de liberdade contra um governo central que reprimia os locais.
A Guerra, ou ainda, Revolução Farroupilha foi a única revolta civil no Brasil que não foi vencida pela União, comprovando o espírito guerreiro do povo do sul. Foram aproximadamente 10 anos que nosso povo ficou em guerra – dez anos se mantendo de pé entre as ruínas.
A revolução é antecedida por vários motivos, tanto políticos como econômicos - a burguesia local tinha seus produtos, charque e couro, altamente tributados pela coroa - o que fazia com que a região não progredisse tanto economicamente. Além disso, era de interesse dos locais maior autonomia contra a constituição de 1824, haja vista que muitos queriam declarar independente a Província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Outro motivo foi a falta atenção militar do Império do Brasil para defender a região contra invasões de castelhanos.
Em 1835 havia uma grande movimentação das figuras políticas, militares e econômicas locais que reuniam-se em suas casas. Em 18 de setembro deste mesmo ano foi decidido por essas figuras em uma das reuniões que Porto Alegre iria ser tomada militarmente e o presidente provincial seria destituído.
A revolução inicia no dia 20 de setembro, com a tomada de Porto Alegre. Na noite de 19 de setembro de 1835, José Gomes Vasconcelos Jardim e Onofre Pires acamparam com cerca de 200 cavaleiros nas imediações da cidade, iniciando a invasão. Foi travado um rápido combate na Ponte da Azenha, com vitória dos farrapos. O presidente da província, Fernandes Braga, fugiu da cidade. Na manhã do dia 20, Porto Alegre amanheceu com proclamações dos revolucionários pregadas nas esquinas, nas praças e até na porta do palácio. Em 9 de setembro de 1836, os farrapos, comandados pelo general Netto, impuseram uma violenta derrota ao Exército Imperial, no Arroio Seiva. Com o furor da vitória, os chefes farroupilhas plocamaram a República Rio-Grandense no dia 11 de setembro. Bento Gonçalves foi proclamado presidente. O movimento passava ao nível separatista. Em 1º de outubro do mesmo ano, porém, Bento é derrotado e preso pelos imperiais no combate da Ilha de Fanfa.
A liberdade do nosso povo não era só de interesse da elite regional, mas também de imigrantes e dos populares também. Podemos citar diversas personalidades que lutaram na Revolução Farroupilha por essas ideias: o idealista e imigrante alemão Karl Friedrich Otto Heise, um militar alemão da Legião Alemã do Rei, que chegou a lutar contra as forças de Napoleão. Sob o comando de Otto Heise, destacaram-se Frederico e Germano Klingelhoefer, pai e filho, além dos integrantes do Esquadrão de Linha Farrapo de São Leopoldo; Foi destaque também o Major João Manuel de Lima e Silva, tio de Duque de Caxias. Giuseppe Garibaldi, que lutou contra o exército de Napoleão, lutou em diversas revoltas na América do Sul e também participou no processo de unificação da Itália, tendo também papel principal na proclamação da República Juliana em 29 de julho de 1839. Bento Gonçalves, um dos maiores líderes políticos e militares da revolta, que veio a se tornar primeiro presidente da República Rio-Grandense.
Os anos que se seguiram a proclamação da República foram marcadas por grandes vitórias que provaram o valor heroico dos gaúchos e catarinenses que lutaram na revolução, estendendo-a por quase 10 anos. Os revolucionários partiram ao norte alcançando vitórias incontáveis até que o Império começa um contra-ataque em larga escala. Em 1840 os Farrapos começam a perder território por inúmeros motivos, principalmente por uma crise política interna. Esta desunião causou mais danos à revolução do que as derrotas militares. Se um dia quisermos almejar algo grande, como nossa liberdade, devemos ser unidos.
Em novembro de 1844 todos abaixaram suas armas e entraram em armistício, dando um período para as negociações de paz entre os revoltosos e os legalistas. Porém, Francisco Pedro Buarque de Abreu, ou Moringue, um militar a serviço do Império, quebrou o decreto de suspensão de armas e atacou de surpresa forças revolucionárias.
Após quase dez anos de guerra, em 1 de março de 1845, foi assinado o Tratado de Poncho Verde, retornando a paz para nossa região. O conflito que resultou em mais de quarenta e sete mil mortes finalmente teve seu fim, para ecoar na eternidade e deixar seu legado e mensagem tanto para as futuras gerações do nosso povo quanto para nossos políticos: Nós não capitularemos nunca. Não teve rendição – conquistamos a paz. Nosso povo é forte e deve se lembrar disso, devemos lembrar-nos do que somos capazes. O legado dessa revolta ecoará eternamente e deverá nos inspirar na chegada do novo alvorecer.
“Eu vi corpos de tropas mais numerosas, batalhas mais disputadas, mas nunca vi, em nenhuma parte, homens mais valentes, nem cavaleiros mais brilhantes que os da bela cavalaria rio-grandense, em cujas fileiras aprendi a desprezar o perigo e combater dignamente pela causa sagrada das nações.
Quantas vezes fui tentado a patentear ao mundo os feitos assombrosos que vi realizar por essa viril e destemida gente, que sustentou, por mais de nove anos contra um poderoso império, a mais encarniçada e gloriosa luta!” - Giuseppe Garibaldi sobre nosso povo

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