Retorno ao Eterno
- Frater Abammon
- 17 de out. de 2016
- 4 min de leitura
O que poucos entendem, mas que a maioria dos autores dissidentes parecem perceber, como Markus Willinger e até Aleksandr Dugin, é que as formalidades linguísticas são apenas a cor, por assim dizer, de uma estrutura, mas não a estrutura em si. Uma classificação vazia de sentido. A liberdade, por exemplo, e a democracia, são valores que são colocados à força porque a esses valores foram atribuídos uma permanente legitimidade (que inclusive rende Casus Belli para com todas outras nações que não os aceitam - até mesmo as que não aceitam o específico tipo e interpretação desses valores proposto pela última moda do ocidente), mas que, em última instância, não representam nada que não sejam interesses de certas pessoas, e que, em última análise, deles mesmos, não significam nada - não podem significar nada além disso - do que tais interesses, mesmo na mais honesta de suas proposituras.
O que quero mostrar é que aquele Indivíduo, proposto pelo iluminismo, que ao contrário do que Heidegger e Dugin propõem, não é produto da "razão", mas sim do materialismo (afinal, por toda história os pensadores que demonstraram que valores objetivos para a ética, estética e moral eram possíveis, eram todos adeptos da metafísica, sendo um fenômeno bem moderno pessoas terem valores objetivos sem esse campo superior de ideias), é, como dizia Sartre, uma prisão sem muros. Paradoxalmente (exatamente pelo que expliquei no primeiro parágrafo - que aqui encontramos mais uma abstração gramatical e formalismo do que conteúdo de fato), esta liberdade não é a liberdade real, ou seja, é mais um 'retirar' do que um 'propor', é a liberdade vazia, é o niilismo, é o nada. É estar aberto a tudo mas não poder escolher nada, afinal, se tu escolher algo, se tu tiver convicções, se tu tiver valores, enfim, se tiveres uma identidade, já não pode mais ser um liberal, um materialista, um iluminista.
No final, o mundo moderno esqueceu que possui uma alma, um espírito, e, neste ponto, ele sente a angústia desse esquecimento e, mesmo que intimamente, deseja que a ausência da alma e o ateísmo sejam de fato reais, pois se fossem outrora descobrir que há uma alma, uma existência última e primária, e que estamos submetidos à ela, iriamos logo deduzir disso as nossas responsabilidade de cuidar e zelar por essa alma, e as pessoas desejam antes se livrar de uma realidade dura do que aceitá-la, e desejam antes viver numa ilusão que não lhes dê responsabilidade alguma.
E, após isso, chegamos também no animal domesticado: pois tiramos Deus e a alma do altar e no seu lugar colocamos o hedonismo, o materialismo e os valores 'capitalistas', preenchemos o vazio disso tudo com a bebida e a droga, e com o trabalho excessivo, e com religiões vazias. O pós-modernismo de Foucault promete uma resposta a isso, mas, ao contrário de uma resposta, trabalha como um catalisador da implosão do ocidente. Seus seguidores propõe o irracionalismo, desde outra perspectiva daquela de Nietzsche, mas não menos inválida. Nietzsche, ao menos, identifica essa domesticação do animal, e a aponta como má, e diz que suas raízes estão na moral do cristianismo, mas este é um debate para outra ocasião.
No final, temos uma ideologia falha que gerou um mundo podre, e a única resposta à ela parece ser uma superação dela que é, em realidade, uma mera extensão do Liberalismo, do Marxismo, do Socialismo, enfim, de todas ideologias materialistas.
O que eles, as gerações anteriores, as guerras, tudo que precedeu a nós, e que veio depois da Revolução Francesa, fizeram, foi destruir aquelas bases da real liberdade de Ser, em prol da liberdade "formal", da liberdade gramatical, de "poder ser", mas nunca de fato Ser, e sacrificar tudo que somos em prol do vazio, em prol desta nova moralidade. Foi uma guerra, em verdade, de banqueiros, usurários, e, sim, alguns idealistas, mas tudo que eles defendiam era essa liberdade, com ou sem boas intenções, seria essa nova liberdade dos revolucionários e materialistas o solo no qual eles poderiam destronar cada monarca europeu e implantar um mundo sem nenhuma identidade - sem fronteiras, sem povos, apenas uma massa cinza de rostos genéricos - essa é a face real e a forma final da liberdade, e o principal motivo pelo qual não temos mais heróis, não temos mais mortes e vidas gloriosas, pois, sem um chão, sem um solo pelo qual viver, sem uma identidade com o local, de que serviria todo sacrifício de uma vida? Por que, afinal, continuar com a vida? O lento suicídio das nações que perdem sua identidade, expresso pela baixa taxa de natalidade e pela auto-destruição cultural, é a encarnação disso tudo na realidade.
Qualquer homem de bem, ao se dar conta disso, iria declarar um fim a tudo isso e prometer sua vida à luta contra esse sistema. Mas, como fazer isso? Não nos cabe citar aqui as pessoas que, ao longo da história, levantaram e levaram a espada aos usurários e aos revolucionários, só nos cabe falar que o fato de que os crimes dos usurários e seus lacaios, por ainda estarem nas trevas do desconhecimento, como diria Soljenítzen, só denota que a mídia está na mão deles.
Enfim, como fazer isso? Como levar a cabo uma luta que já parece nascer póstuma? Existem várias propostas e, aqui, venho a reiterar a proposta deste movimento: uma mudança no pensamento e na cultura, que vise identificar o povo com si mesmo, fazê-lo relembrar de quem ele realmente foi, é, e, com as bençãos do divino, será no futuro. Essa é a proposta do identitarismo, que se opõe a tudo que seja defendido pela ordem que atualmente domina o mundo - e invocamos aqui o leitor, que ele procure as opiniões, leis, propostas e tutti quanti propostas pelos maiores expoentes da ordem mundial, seja informalmente, como a mídia de massa e Hollywood, seja formalmente, como a política, a ONU e a União Européia. De fato, olhe para as políticas sociais e econômicas da União Européia e verá o que espera você no futuro.
O retorno ao eterno, a aquilo que sempre fomos, à nossa identidade, é o único caminho possível, e é a única e última esperança. Assim como a Muralha de Adriano, a tradição é a última fronteira.

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