Julius Evola: Fundação da Tradição - Realeza e Iniciação Divina
- Traduzido por Victor Hugo
- 12 de nov. de 2016
- 1 min de leitura
Identifiquei o fundamento do mundo da Tradição como uma doutrina de duas naturezas, uma doutrina baseada na noção da existência de duas ordens opostas: uma ordem física e uma metafísica. A última ordem representa o reino superior do "ser" oposto ao reino inferior do devir e da história: uma natureza imortal, oposta ao perecível. O homem da Tradição não percebe essa doutrina como meramente uma "teoria", mas como uma verdade existencial diretamente verificável. Cada civilização tradicional é assim caracterizada por uma tentativa de levar o homem da ordem inferior da realidade para o mais alto, ao longo de vários estágios de aproximação, participação e realização efetiva. Originalmente, no centro de cada civilização tradicional, estava a "transcendência imanente": a presença concreta de uma força transcendente não-humana encarnada em seres superiores possuindo a autoridade suprema. Talvez as principais expressões dessa ideia sejam formas antigas de realeza divina. O meio mais comum de passar da natureza inferior para a superior sempre foi a iniciação. A contemplação e a ação heroica representam dois grandes caminhos baseados numa aproximação à ordem superior; lealdade e ritual, dois meios de compartilhar essa ordem. A ordem superior da realidade sempre encontrou um apoio na lei tradicional, com seu caráter objetivo e supra-pessoal, e simbolicamente tem sido expressa pelo Estado ou Império Tradicional: uma reflexão mundana e histórica daquilo que transcende o mundo. Tais, então, são os fundamentos das hierarquias e civilizações tradicionais.

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