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As ruas estão vazias


As ruas estão vazias. Criança alguma brinca nelas, é perigoso. Os carros andam cada vez mais depressa, o espaço urbano está cada vez mais superlotado, há criminosos em todo o canto esperando qualquer oportunidade para praticar maldade. Os pais não estão em casa para olhar por elas, precisam trabalhar. As crianças perderam o interesse. Vivem presas dentro de suas pequenas masmorras que chamam de apartamento, afundam-se num mundo de ilusões através de uma tela de celular, consumindo quaisquer conteúdos que pela inteligência artificial lhe são indicados. Não vivem o real, tudo o que conhecem são sombras projetadas em sua caverna mental. O bairro não é uma comunidade, mas apenas um aglomerado de casas e prédios. Vizinhos cujas portas estão frente a frente mal se conhecem, quiçá sabem seus nomes. As crianças não interagem com seus vizinhos e não criam laços de amizades. Ano a ano, as crianças crescem e se tornam jovens e adultos, mas não surgem novas crianças: o índice de fertilidade é extremamente baixo e o país possui população idosa muito maior frente à população jovem. Esse cenário é realidade em diversos locais do globo. O que ocorre? Aumento do individualismo e egoísmo, a sociedade cada vez mais atomizada fecha-se em indivíduos sem qualquer relação afetiva. Não existe mais o sentimento de comunidade, não existem mais amizades duradouras e verdadeiras. Aquele sentimento comum de pertença, que cria forte sentimento de Confiança Social, desapareceu. Todos os rostos são anônimos e desconhecidos. O que impera é a solidão. Indivíduos frágeis, sozinhos, solitários, egoístas, individualistas, insatisfeitos, rasos, frios, calculistas, afundados em estresse e depressão; que motivação e razão existe para sua existência? São facilmente manipuláveis, atraídos por qualquer tendência consumista que pisca em seus visores eletrônicos. A realidade bonita e pura da natureza e da vida em comunidade virou uma mentira, uma fantasia inalcançável. Dividir e conquistar nunca fez tão sentido. "Tão forte é a tradição que as futuras gerações sonharão com aquilo que elas nunca viram." - G. K. Chesterton Nós precisamos acordar as futuras gerações do pesadelo da Modernidade.

 

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