O Paradoxo Identitário do Cristianismo: Por uma Homeostase Cristo-Pagânica
- Bertram Schweickert
- 19 de nov. de 2016
- 3 min de leitura
O cristianismo está presente na identidade europeia há mais de 1700 anos. Porém, o cristianismo não é europeu, pois suas origens não são uma manifestação natural do homem europeu do seu modo de enxergar, interpretar e viver o mundo, assim como o paganismo o é. Como Greg Johnson bem aponta:
"Mas mesmo que chegue um dia em que a Europa não seja mais cristã, nunca haverá um dia em que a Europa nunca tenha sido cristã. Nesse sentido, o cristianismo será sempre parte da identidade europeia. Assim como as religiões pré-cristãs e as culturas que se estendem todo o caminho de volta para a Idade do Gelo também serão sempre parte da identidade europeia."
O cristianismo possui um caráter universalista, admitindo uma ideia de verdade e fundamento de uma comunidade universal. Dessa forma, mesmo o cristianismo fazendo parte há milênios da cultura europeia, o cristianismo nunca será europeu, visto que não é uma religião étnica, centrada em um determinado povo, porém sim uma religião expansionista e acolhedora de todos os povos.
"Devido à sua natureza como uma religião universal, o cristianismo não está ligado a qualquer etnia ou povo em particular. A cristandade não é e nunca foi coextensiva com a Europa. O povo europeu acreditava no cristianismo, mas o cristianismo nunca foi uma religião folclórica europeia. Muitos europeus acreditam na causa do cristianismo, mas o cristianismo nunca acreditou na causa da Europa. Pois a causa cristã é a salvação de toda a humanidade." (G.J.)
Apesar disso, o cristianismo ao longo dos milênios, auxiliou na defesa da Europa, mesmo que incidentalmente. Nessas batalhas, o verdadeiro interesse era a preservação da cristandade, que se estendia desde a Etiópia, Oriente Médio e até a China. Na gloriosa vitória da Santa Liga contra os turcos e de Carlos Martel contra os mouros, procurando preservar a cristandade, os cristãos também defenderam os europeus - que era o principal povo cristão. Mesmo assim, sangue europeu foi derramado em busca de interesses particularmente cristãos, como as Cruzadas em busca da libertação da Terra Santa ou os trabalhos globais missionários que perduram até hoje.
Em acréscimo, a expansão do cristianismo em território europeu contribuiu para a morte de muitas culturas pré-cristãs e pagãs dos europeus. Locais de culto na Grécia, Roma, Alemanha e por todo o leste e norte europeu foram completamente destruídos. Episódio famoso é a derrubada do Carvalho de Donar no século VIII por São Bonifácio. A cultura vem dos cultos. Proibindo os cultos, uma parte da cultura é restringida com eles. Ainda assim, pelo trabalho dos monges, como por exemplo do São Beda, através da escrita e cópia de livros, muito se preservou das antigas tradições europeias.
É desta forma que o cristianismo apresenta um caráter paradoxal em relação ao identitarismo europeu. Apesar de não ser europeu em sua gênese étnica e cultural, o cristianismo está presente na identidade europeia há milênios, preservando tradições e moldando a cultura.
Porém, o paganismo de igual forma não é imune à críticas. No período medieval, líderes do povo Rus' escravizavam eslavos e os vendiam para compradores árabes ou de outros povos. Atualmente, muitos neo-pagãos utilizam a religião ancestral como uma forma de libertação do cristianismo ou de normas sociais, adotando comportamentos libertinos, utilizando a religião como justificativa para a prática de atos degenerativos, além de pregarem por tolerância e igualdade, quando na verdade o paganismo é permeado por meritocracia, aristocracia e iniquidade. Desta forma, o paganismo também pode vir a ter um caráter anti-identitário. A fé pagã é digna quando está aliada aos verdadeiros valores ancestrais.
A solução é a criação de uma homeostase entre as duas tradições. O cristianismo pode sobreviver com a morte do europeu, porém o europeu certamente morrerá com a morte do cristianismo. De igual forma, a extinção total dos costumes pagãos simboliza a morte espiritual e identitária dos europeus. Caso o cristianismo adote uma postura contra o paganismo, ele estará admitindo um caráter anti-identitário; assim como um pagão adotar uma postura violenta frente aos cristão, também admite tal caráter, condenando 1700 anos de história cristã. É necessário respeito mútuo e união de forças para combater as influências materialistas e contra o domínio de outras religiões que visam destruir completamente a história da civilização europeia, como o islamismo. Auto-sabotagem é danosa, como podemos perceber pelo exemplo da Quarta Cruzada que saqueou Constantinopla e a enfraqueceu, facilitando a conquista dos otomanos.
Desta forma, é necessário adotar como papel principal a luta em prol da identidade europeia, ao invés de travar novas cruzadas religiosas e práticas de auto-sabotagem que consequentemente levarão ao declínio e extinção da civilização ocidental. A identidade europeia é o alicerce que sustenta tanto o paganismo, como a cristandade europeia.
"Os europeus têm que sobreviver primeiramente antes que nós podemos se preocupar sobre como nós podemos melhor organizar uma sociedade europeia futura." (G.J.)

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