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Materialismo industrial


8 horas de trabalho. 8 horas de lazer. 8 horas de sono. Repita. Sobreviva. Obedeça. Esta é a lei da sociedade industrial. Poucos afortunados possuem a sorte de trabalhar no máximo 8 horas. Poucos possuem 8 horas para o sono e 8 horas para o lazer. Além disso, o lazer moderno é insignificante. Nos divertimos com coisas que não são divertidas. Nos descontraímos ao ligar a televisão e assistir algumas horas de Netflix, mas não nos divertimos de verdade. A utopia moderna da Industrialização se tornou a realidade distópica da contemporaneidade. O homem deixou o campo, o ar limpo do interior, sua vida regulada pelas estações do ano e pelo dia e noite, cujo trabalho duro e com esforço realizado junto com sua família, teria recompensas ricas e necessárias para o andamento de uma boa vida.

"Oh que catástrofe para o homem quando ele se isolou do ritmo do ano, do seu uníssono com o sol e a terra... Isso é o que está acontecendo conosco. Nós estamos sangrando nas raízes, porque estamos isolados da terra, do sol e das estrelas, e o amor é uma zombaria sorridente, porque, pobre flor, nós a arrancamos do seu tronco da Árvore da Vida e esperamos que ela continue florescendo em nosso vaso civilizado sobre a mesa." - D. H. Lawrence

O homem foi enganado pela propaganda da Indústria, sendo enclausurado em uma fábrica ou escritório, respirando ar poluído e sujo, regulado pelos ponteiros do relógio, para ter um salário mínimo, que muitas vezes é insuficiente e acaba gerando dívidas, para sua mera sobrevivência. A modernidade é plástica e falsa. Como dito por D. H. Lawrence:

"Tudo é fingimento: jóias falsas, falsa elegância, charme falsificado, ternura falsa, paixão falsa, cultura falsificada, amor falsificado. Tristezas simuladas e prazeres falsos, mágoas e gemidos falsos, êxtases falsos e, sob todos, uma dura constatação de que vivemos pelo dinheiro e por dinheiro apenas; e um terrível medo de um colapso nervoso iminente."

Tudo é tão sintético, que até a Natureza nos parece falsa e irreal. Heidegger argumenta que para o homem atual, a natureza é apenas uma reserva permanente:

"A terra agora se revela como um distrito de mineração de carvão, o solo como um depósito de mineral. O campo que o camponês antigamente cultivava e ordenava aparece de forma diferente do que quando se preparava para cuidar e manter. O trabalho do camponês não desafiava o solo do campo. Na semeadura do grão, ele coloca a semente na manutenção das forças do crescimento e vigia o seu aumento. Mas enquanto isso [no período moderno], mesmo o cultivo do campo veio sob domínio de outro tipo de colocação em ordem, que define a natureza. Ela se põe sobre ela no sentido de desafiá-la. A agricultura é agora a indústria de alimentos mecanizada. O ar é agora definido para produzir nitrogênio, a terra para produzir o minério, o minério para render o urânio, por exemplo. O urânio é ajustado para produzir a energia atômica, que pode ser liberada para a destruição ou para uso pacífico."

E como completa Dominique Venner:

"Para nossos contemporâneos, sempre mais numerosos, que passam seus dias no mundo artificial das cidades (que já não são cidades reais), muitas vezes é difícil ver além do concreto, vidro, aço e luz elétrica, que a natureza, apesar de sua ausência aparente, continua a nos abraçar e traçar as linhas de força em nossa existência, entre a infância e o esquecimento." A natureza, portanto, sempre está presente, aguardando pelo nosso retorno, qual nos acolherá de braços abertos. " [...] Neste mundo extremamente racional, onde as sociedades modernas impõem suas leis à natureza e ao homem, há um fenômeno que ninguém pode controlar: a chuva."

A população de hoje em dia está tão imersa no pensamento progressista que não consegue olhar para a sua volta e detectar algo de errado acontecendo. Quantas vezes vemos que os alimentos industrializados fazem extremo mal à saúde? E para combater esse mal, são necessários medicamentos. Porém, da mesma forma que os medicamentos mitigam um problema, logo possuem um efeito colateral e causam outro. É isso o que se tornou a indústria alimentícia e farmacêutica de hoje. No geral, as pessoas pensam: "Isso é apenas uma consequência do progresso tecnológico". Ou quando você comenta sobre isso, suas respostas são: "Mas você quando fica doente vai logo correndo pro hospital se medicar". Veja bem. Ser contra a Indústria atual não quer dizer ser contra o progresso tecnológico. Nós ocidentais, tendo como precursores nossos ancestrais europeus, desenvolvemos a tecnologia para níveis fantásticos. Devemos ter orgulho imenso disso. Porém o que está acontecendo hoje é uma degeneração do uso da tecnologia. A sua expectativa de vida aumentou, assim como suas dívidas e o tempo de força de trabalho que você oferece ao sistema, também aumentaram. O conforto aumentou, mas a qualidade de vida não. Citando Papa Bento XVI:

"O mundo te oferece conforto. Você não foi feito para o conforto. Você foi feito para a Grandeza."

Por fim, a tecnologia não mais serve ao homem. O objetivo da tecnologia hoje é tornar o homem servo daqueles que detém o poder tecnológico.

 

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