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Teoria da Seleção r/K - Competitividade Individual


Algumas espécies evoluem sob condições que oferecem uma momentânea vantagem para ambos os tipos psicológicos: r e K. Se a disponibilidade de recursos é variável de acordo com o tempo, uma espécie pode acabar gozando de sua abundância em determinado período, deste modo causando um aumento desenfreado na quantidade de membros da população do grupo r. No entanto, períodos de escassez farão com que esses indivíduos desapareçam drasticamente, deixando apenas uma população majoritariamente do tipo K. Se o período de baixa nos recursos for curto o bastante, uma quantidade suficiente de r sobreviverá até que consiga se multiplicar novamente, quando os recursos voltarem a ser de fácil acesso.

Quando ambas as condições estão presentes – tanto a baixa quanto a alta disponibilidade e acessibilidade de recursos –, os dois tipos irão compor a população. Quando isto ocorre, essas diferentes vertentes psicológicas irão eventualmente evoluir e competir uma contra a outra numa espécie de espiral dicotômico darwiniano no qual são inimigos naturais. Durante tempos de crise, os indivíduos K erradicarão rapidamente os traços e características de r em livre e aberta concorrência. Os indivíduos r que, por sua vez, resistirem, o farão adaptando estratégias evitando competição aberta e aplicando técnicas de subversão. Na direção oposta, a linha de pensamento K, tão à vontade num ambiente adverso, terá seu impulso por competição aumentando gradualmente, até que indivíduos executem rituais competitivos anteriores ao acasalamento.

Esta situação produz algo além da mera aceitação ou aversão pela competição que alguém vê em ambos os tipos psicológicos. Aqui, os indivíduos K evoluem a um ponto em que passam a propositadamente testar seu poder genético para achar um parceiro. Aqueles que falham em tais testes e mostram-se menos capazes do que seus iguais, acabam por aceitar sua derrota e respeitam as regras que regem tais competições. Os machos de choco gigante australiano – uma criatura de grandes proporções e semelhante a uma lula – acendem em sua pele padrões de luzes coloridas para atrair as fêmeas de sua espécie, que geralmente escolhem o progenitor de sua prole dentre aqueles que se destacam com a luz mais brilhante, já aqueles que falham em demonstrar controle o bastante sob a coloração são descartados e não procriam. Como resultado desta competitividade seletiva imposta que preza pelo indivíduo mais capaz, essas lulas desenvolveram uma estrutura cutânea capaz de projetar uma imagem do que está atrás de sua pele, camuflando-as perfeitamente.

Neste caso, a simples aceitação do fator competitivo se transformou em um impulso para competir, levando a níveis superiores de capacidade. Chamamos esta evolução do tipo K de psicologia individualmente competitiva. Ao invés de uma pré-disposição para confrontar quando necessário, esta psicologia é levada a desafiar os outros em competições regidas por regras, desenvolvidas para ativamente testar suas aptidões, e recompensar o mais habilidoso. O tipo r também sobreviveu nesta população de lulas. Mesmo diante da rápida evolução dos K decorrente de sua preferência pela competitividade, o bando remanescente evolui para explorar essas competições para obter ganho pessoal. Enquanto machos competitivos tentam impressionar a fêmea, os de tipo r mudam sua coloração para tons pastéis e encolhem seus longos tentáculos, o que os faz parecer menores e atarracados como uma fêmea, deslizando pelo embate luminoso e rapidamente copulando com o alvo sem ser notado.

A aversão dos indivíduos de tipo r à competitividade se adapta em uma atual estratégia desenvolvida não apenas para evitar competições, mas para ativamente obter vantagem quando confrontado pelos esquemas competitivos da psicologia K. Aqueles de tipo r que apenas evitaram confrontos com os de tipo K, falharam em conseguir parceiras, e morreram. Eventualmente, essa pequena porção de indivíduos adaptados para explorar a implacável obediência dos machos competitivos às regras, sendo eles os “fora da lei”, consolidaram a real forma orgânica dos r. Pelo simples fato deste comportamento divergir da simples aversão à competição, consideramos isto um avanço evolutivo da psicologia r chamada de Anti-competitividade. Neste modelo, podemos notar como o indivíduo é levado a participar dessas complexas competições cheias de regras que premiam o mais capaz em uma perspectiva darwiniana e que, em oposição a este sistema, o anti-competidor é desenvolvido para evitar competições e confrontos diretos de modo que ainda assim busque vantagem dentro do ambiente competitivo através de violações das regras de honra.

Dentro deste contexto, é possível enxergar o natural impulso tradicionalista ou conservador em direção a sistemas econômicos de livre mercado, regulados apenas para produzir um ambiente justo que respeite a perspicácia econômica de cada indivíduo no que diz respeito à habilidade de gerenciamento de recursos. É perceptível na visão conservadora a noção de que cada um deve assumir a responsabilidade por suas próprias decisões e riscos, mesmo que porventura elas não venham a ser as melhores. Como antagonista temos a Esquerda, que se utiliza do governo como ferramenta para frear estes competidores natos – através de ideologias como o Comunismo e o Socialismo – redistribuindo recursos do bem para o mal-sucedido, explorando o poder governamental e impondo regras e restrições, ao mesmo passo que eles próprios, os esquerdistas, quebram as regras para ganho pessoal a seu favor.

A Direita busca um ambiente onde todos competem e decisões têm suas devidas consequências; chamando isso de liberdade. Em contrapartida, a Esquerda ridiculariza tal ambiente de livre competição e tenta a todo custo arrancar essa liberdade do povo através do governo, ao mesmo tempo em que busca vantagens pessoais para si onde quer que a encontre. Claramente, à medida em que os tipos psicológicos r e K divergiram durante a evolução, eles aproximaram-se das políticas ideológicas modernas: o Liberalismo e o Conservadorismo.

 

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